A saudade do cheiro, do gosto, do jeito, é natural quando se gosta, mas quando os olhos nos faltam, é porque a alma nos toca, nos admira... Quando a gente sente falta dos olhos, sente falta da alma. E isso é sério. Muito sério.
Sinto constantemente a ausência do transbordar do sorriso. Ou da dor; seja o que for. Da transparência do castanho rasgado, expressivo, imponente. E sinto falta mesmo quando ainda posso alcançá-lo. Ainda posso, disso eu sei. O que talvez doa é a certeza que tenho hoje do amanhã que vem, e de que os olhos - aqueles tão límpidos - vão, nesse mesmo dia, partir também.
Eu não sei o que faz a distância. Eu não sei o que será dos olhos - nossos - nos extremos térmicos do globo. Pode ser que o meu calor gele, e congele, longe daquele olhar que derrete. Ou talvez mantenha-se quente pra não deixar que o dele gangrene, e não volte jamais a brilhar. Perto ou longe, eu quero é brilho. Esse brilho que hoje, no ápice da minha vida, me faz acordar, sorrir e me encantar...
Sylvia Araujo
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