- Ué, cadê Louca do Sótão?
- Ih!
- Caraca, sumiu!
E lá começa a peregrinação. Nessas horas, parece que a menor casa do mundo é capaz de se transformar em um labirinto interminável, digno das sagas angustiantes de Harry Potter. E abre a porta do quarto da criança, que dorme que nem anjo (alguém precisa exercitar afinal a não-insônia, pelamor). Nada. E abre a porta do aposento do casal. Nada também. E passa o raio x pela sala. A bolsa tá aqui, mas cadê a meliante? E acende a luz do banheiro, e fuça tudo, até no box. Absolutamente nada. E vasculha a área in-tei-ra. Neca de pitibiriba...
Prestes a iniciar o gato-mia, resolve-se, entonces, num lampejo de sanidade (tá, tinha cerveja no meio, mas nem era pra tanto) meter a mão na maçaneta do forte da adolescente quando, como num passe de mágica, a porta se abre - num silêncio de meter medo até no mais macho dos machos...
E de lá de dentro, atrás de um sorriso deslumbrante, com a cabeça inclinada e os cabelos esvoaçantes, naquela voz felpuda que é só dela, sai:
- Oi! Tá boa?
Agora diz aí: esse ser insano merece ou não merece o apelido que lhe cabe? (Pra quem não sabe, a Louca do Sótão fica lá quietinha, até que a gente solte a coitada pra dar uma voltinha.)
Diz aí de novo: tem como não amar enlouquecidamente essa destrambelhada? (rasgação de seda básica, pra não passar o feriadão de olho roxo!)
PS.: Faz tempo que tô avisando que não tô boa... nas entrelinhas eu disse em alto e bom som: CORREEEEEEE!
Sylvia Araujo
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