Anjos, os meus anjos, sentem fome. Penteiam os cabelos e bebem cerveja no pé sujo da esquina. Caminham sem saber pra onde, e choram às escondidas no banheiro. Há quem diga que um deles insiste em jogar na mega sena, toda santa sexta feira.
Quando se encontram, se reconhecem. Juntos, se recarregam de paz e de alegria. Eles sabem sorrir e adoram uma festa. Alguns fazem terapia, outros pedalam incansavelmente até as paineiras.
Anjos, definitivamente, existem. Eles dão as mãos e se abraçam, como se cada dia fosse o último. Riem das próprias desgraças e sofrem com a dor dos outros. São notívagos, mas adoram o sol.
Os meus tão queridos anjos, sentam no meio fio e transformam a vida em música, transpiram arte. Não sabem quase nada, mas sentem tanto, que nada, nada-nada, escapa. Eles tomam porre. Eu já vi.
Esses são diferentes. São tão diferentes que vão se completando até formarem um só. E desse um só, só o que se pode esperar, é uma onda gigante que te embarca e faz tudo virar amor. Eles transbordam...
Anjos existem. Os meus maravilhosos anjos existem. E por mais que não tenham asas, eles pairam pertinho das nuvens. E com o peito cheio de amor, levantam uns aos outros e sempre seguem adiante. Juntos, eles não desistem. E eu, de mãos dadas com eles, também não.
Sylvia Araujo
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