Já tristeza é macia e úmida. Mesmo com tantas nuances desnudas-carnudas, dourada se desfaz em inocente e avermelhado botão.
O lamento, esse é agridoce. Hesitante, entorpecido entre lascas de secura estéril e um bocado acetinado de miragem esmaecida, desfila na língua que insiste em se refletir sensível.
Cá no meu dentro, o sofrer se desfaz e se distrai em mim. Enquanto beija flor descansa - asas pro alto - correnteza baila descompassada e girassol sussurra letras rimadas, eu desmeço e me despeço do tempo anoitecido, para ser livre-liberta em horizonte infindo.
Desejo, então, à lânguida estrela-ardente, uma pilha de poesia soprada ao vento e um imenso monte charco-vivo de sentimento.
Cá no meu tempo, minhas asas flanam sol-a-pôr-do-sol. E no meu mundo, tão vasto e descabido mundo, tudo é beleza e estranhamento-cúmplice. Até lágrima que escapole seca, me amarela, me irradia.
Nesse meu canto - pros meus encantos! - rodopiam desembestadas palavras efêmeras-cruas. Elas sorriem embriagadas e me desmontam - dor após dor - com um frenético - e intrépido! - mi bemol intenso de armaduras nuas.
Sylvia Araujo
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