Este blog é uma reunião de textos exclusivamente autorais. Para conhecer mais de mim, dividir sons e sabores poéticos, musicais, cinematográficos, e tantos outros cheiros mais além dos meus, venha tomar um expresso esparramado nas almofadas fofas do meu outro blog, o Abundante-mente. Te espero lá com as velas acesas.

30 de agosto de 2010

Navalha


(Alto mar no final do horizonte - Joca Libânio)




Entorpecida.
Violada. Rarefeita.
Violentamente (desman)telada.
E toda. Viva.
Um mundo inteiro dentro
a regurgitar belezas.
Tão grande-imenso. Tanto.
Tão pouco santo. O manto.
Jardins brotando em fúria
de flor em cacto. Seco.
Rompendo estéril. Um risco.
Asas me rasgando o peito.
Nu.
Completamente nu. Alado.
No céu da boca, o sal.
A gota - gorda.
E no minuto seguinte a morte.
O calabouço. O medo.
E o calor da sorte
a me acetinar o frio.
E o sabor do vento
a me saltar dos olhos.
Enlarguecida.
Emocionada. Liquefeita.
Amanhecidamente enluarada.

(entregue)


Sylvia Araujo



À Joca Libânio e sua música perturbadoramente silenciosa.

25 de agosto de 2010

Neutrino

Amanheceu lentamente em olhos anoitecidos. O peito, enfaixado ponta a ponta de silêncios, chorou baixinho - como quem murmura ao vento frio sentimentos indizíveis. Na cabeceira, a vela acesa da noite escura resistia. Pequena e morna, em seu amolecido derretimento de vela. Aquelas sombras enormes a lhe pegarem pelas mãos geladas. Aquele mesmo conhecido medo a existir sem. Aquele mesmo sem. A resistir só.


Sylvia Araujo

10 de agosto de 2010

Braile

Sou
inteira
pedaços
fragmentos
cortantes
sílabas
impronunciáveis.

À lápis
me escrevo
à espera
de quem
me soletre
os relevos

- em braile.

Sylvia Araujo

8 de agosto de 2010

Teatro

Ensaio de Marcia Medina para o meu monólogo Serial Kiiller. Em breve estreando em São Paulo.

Aguardem!

Parte I

Parte II