Tem dias em que desacredito piamente que esse mundo ainda se salve do incalculável destruir humano.
Tem dias em que sofro dores que ninguém imagina, tampouco eu. É um apertar no peito sem origem - nem direção. Um palpitar desenfreado sem peso, ou qualquer importância - a não ser a de quase fazer saltar pela boca o peito desarvorado.
Em dias como esse, me permito destruir a infiniteza do belo. Não que ela evapore e me abandone à minha própria sorte... mas que se esconde, se esconde - disso estou certa - para que o azedume não lhe embolore o viço de todo.
Tem dias em que a heroína é farsa; e não vislumbro quem salve dos males os rios, os mares, os lares.
Tem dias, escorro... Transpiro a estupidez de quem me empanturra diariamente com o seu pouco-ser, e ainda se acha muito. E quanta-tanta gente se vê maior do que é capaz de florescer!
Em dias como esse, só penso em chover. Gotejar torrencialmente pra, quem sabe - ao menos - sair de alma lavada.
E seguir adiante.
Sylvia Araujo
Nenhum comentário:
Postar um comentário