Este blog é uma reunião de textos exclusivamente autorais. Para conhecer mais de mim, dividir sons e sabores poéticos, musicais, cinematográficos, e tantos outros cheiros mais além dos meus, venha tomar um expresso esparramado nas almofadas fofas do meu outro blog, o Abundante-mente. Te espero lá com as velas acesas.

26 de outubro de 2009

Nome próprio

Teu corpo, palavra - identidade.
Da lâmina fria no fio do medo, um corte. Inseguro, diagonal.
Teu desejo, sentido - inadvertido.
Do veneno pungente no copo de vidro, um caco. Pontiagudo, amarelo.
Teu sufoco, entrelinha - estanque.
Do socorro represa na voz de quem cala, um lago. Profundo, perverso.
Teu ensejo, plural - inóspito.
Da terra árida no deserto longínquo, um vazio. Dilacerante, sombrio.

Do corpo inerte, nenhum desejo são pulsa. Do sufoco, apenas o ensejo de uma identidade inadvertida. Estanque. Inóspita.
Da palavra dita, um sentido qualquer-que-seja, clama. Da entrelinha sucumbe o mais plural corte. Em cacos e lagos - vazio.

Da lâmina fria diagonal, o fio do medo inseguro.
Do veneno pungente amarelo, o copo de vidro pontiagudo.
Do socorro represa perverso, a voz de quem cala profundo.
Da terra árida sombria, o deserto longínquo dilacerante.

(Sentimento é jogo de palavras com nome próprio.)

Sylvia Araujo

Nenhum comentário: