Este blog é uma reunião de textos exclusivamente autorais. Para conhecer mais de mim, dividir sons e sabores poéticos, musicais, cinematográficos, e tantos outros cheiros mais além dos meus, venha tomar um expresso esparramado nas almofadas fofas do meu outro blog, o Abundante-mente. Te espero lá com as velas acesas.

26 de outubro de 2009

Em lugar nenhum

Não sei como, porque, nem quando, me perdi. Não me acho nas flores, na lama, nem no gosto. Não me vejo em mim. Não sei por onde andei. O fato é que me desencontrei nos tantos caminhos e atalhos; nos tantos buracos e afins - e fins. E por tantos lugares passei, por tantos medos viajei, que talvez um deles me tenha tomado pra si. Sem minha autorização, me enfiou num saco e me levou daqui.
Não sei como-porque-quando-ou-onde me perdi. E não me acho, por mais que cate, por mais que chute, por mais que berre. Parece que fiquei surda. E muda. E invisível. As palavras são as únicas que parecem nunca desistir. Mas nem nelas me encontro. Cuspo com força o que passa dentro, pra ver se em algum ponto me enxergo. Mas nada; mas tudo. Mais desesperadamente imundo é esse chão que abre.
Não sei o que houve. Só sei que o espelho gargalha. Eu também não estou lá. Eu também não estou aqui. Eu também não.

Sylvia Araujo

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