Fazia tempos que não remoía momentos. Nem recorda quando foi que o cheiro dos cubos milimétricos de manga madura deixaram de assaltar seus bons-dias. Olhos no teto, se deu conta de que nunca antes havia pensado nisso tudo, desde que ele se foi.
Por isso, não conseguiu perceber com nitidez se as lágrimas gordas chegaram pra lhe dizer que ele faz falta, ou se era ela mesma que precisava urgente se despir na frente do espelho, pra se enxergar melhor.
Com as sobrancelhas grudadas uma na outra, se arrastou até o armário do banheiro, colocou umas três pílulas coloridas embaixo da língua e voltou a deitar.
Talvez fosse melhor esperar mais uns dias.
Sylvia Araujo
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