Mesmo que Abraços Partidos, recém saído do forno, nos imprima as sensações controversas de que talvez tenha passado demais do ponto, ou ficado um pouco cru por dentro, não tem como dizer que o diretor espanhol perdeu a mão. A câmera pelos seus olhos faz mágica. Sempre. E mesmo ainda que não tenha me rasgado de amores por essa película - que não é nem de longe sua melhor direção - as cores de Almodóvar não largam minhas retinas, muitas horas depois de ter saído da sala de projeção. Seu olhar ousado e absurdamente criativo e detalhista tornam imortais cenas como a imagem refletida na íris de Lena, a lágrima escorrendo pelo tomate numa cena de Garotas e Malas, a praia lotada de pipas depois da recém cegueira de Mateo, as confissões de Judith vistas por fora da janela do bar, dentre tantos outros mimos à nossa alma.
Pedro Almodóvar é extraordinariamente genial. E eu aguardo sempre ansiosa sua próxima efervecente aparição.
Sylvia Araujo
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