Este blog é uma reunião de textos exclusivamente autorais. Para conhecer mais de mim, dividir sons e sabores poéticos, musicais, cinematográficos, e tantos outros cheiros mais além dos meus, venha tomar um expresso esparramado nas almofadas fofas do meu outro blog, o Abundante-mente. Te espero lá com as velas acesas.

30 de agosto de 2010

Navalha


(Alto mar no final do horizonte - Joca Libânio)




Entorpecida.
Violada. Rarefeita.
Violentamente (desman)telada.
E toda. Viva.
Um mundo inteiro dentro
a regurgitar belezas.
Tão grande-imenso. Tanto.
Tão pouco santo. O manto.
Jardins brotando em fúria
de flor em cacto. Seco.
Rompendo estéril. Um risco.
Asas me rasgando o peito.
Nu.
Completamente nu. Alado.
No céu da boca, o sal.
A gota - gorda.
E no minuto seguinte a morte.
O calabouço. O medo.
E o calor da sorte
a me acetinar o frio.
E o sabor do vento
a me saltar dos olhos.
Enlarguecida.
Emocionada. Liquefeita.
Amanhecidamente enluarada.

(entregue)


Sylvia Araujo



À Joca Libânio e sua música perturbadoramente silenciosa.

2 comentários:

Juan Moravagine Carneiro disse...

de onde vc tira tanta intensidade...

abraço

Insana disse...

Doce poema.

bjs
Insana