No vaso
no centro da mesa
a flor
reinante
em amarelo
implora
em silêncio
torturante
a luz cálida
do dia.
Deseja
quase murcha
a terra
fértil
fértil
e restaurada,
os beijos
doces
e o sopro
torpe
e o sopro
torpe
das borboletas.
Já
não há quem
possa
lhe criar raízes
onde
a faca
cega
cega
lhe amputou
o talo.
Não
há quem possa.
Sylvia Araujo
8 comentários:
Belíssimo... lembrou algo de hoje... "Ela foice"... ;)
Esta aí sou eu! Sou flor, sou amarelo, eu queria aqueles beijos e, enfim, estou hoje assim!
Estou aqui, on line, caçando um pouco de luz - ando ausente do Blog, deixei bilhete na porta da geladeira -, e me deparo com esta lindeza de poema. Até parece que fez para mim, bolo acabado de sair do forno...
Beijos.
Depois da amputação, não há perfume que reine, nem cor que prevaleça, é morte certa!
Um beijo!
Mulher... q texto intenso! Um dos melhores, sem dúvidas...
Bjus carinhosos!
Que nosso sopro alivie...
Beijo,
Doce de Lira
Ow! Brigadão, Sylvia Araújo! Sal-dade, sal da terra; a-cal-lenta desterra...
Traduzir o intraduzível é o mote da poesia... outro dia falava disso lá em [DE TINTA E CUNHA]... ora escrevo, pois palavras são somente símbolos e nada além – e mais importam as idéias a que elas palidamente tentam se reportar e representar, ocultando-as sob o véu e a máscara. Escritos, sejam lá quais forem, falam quase sempre do que não podemos transmitir a outrem com nossos signos primitivos. Já o dissemos, ousar escrever é reconhecer, sem frustração, nossa incapacidade de comunicarmos certas idéias e sentimentos – e, sobretudo, perceber haja beleza nisto.
Beijão, menina! ;)
Devemos seguir sempre em frente, nõa importando o tamanho do desastre que tenha havido...
Belo poema
abraço
Temos que conseguir dar a volta por sima e tentar seguir em frente.
Beijinho
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