Esfregam-se em meu olhar
todos os dias
infinitos olhos.
No fundo de todos eles
apenas um par
- e seu castanho-amendoado,
profundo mar -
que me olha
me estreita
molha
e espreita
que quase me cega
com seus tantos seres,
reféns-aprisionados
em duas íris só.
Dentro de mim,
dois olhos-chocolate.
Em você,
a bonita ousadia
de ser multidões
aqui.
(Tudo o que eu queria agora era poder sentir o cheiro do teu silêncio com a ponta dos dedos)
Sylvia Araujo
Um comentário:
sonhos sinuosos
sem destino
neste incensário
de sol a pino
o sol lodoso
reverte teu olhar sobre
o meu olhar já dissolvido
teu arpão -
farpas de seda
dói-me as espáduas
à espreita a serpente
a morder o sol
num sobressalto:
toda insanidade
que te incendeia
contemplo com paixão
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